Wednesday, August 09, 2006

Crianças muito pequenas devem estudar música?

Olá,
Gostaria de compartilhar com meus leitores o reconhecimento do sucesso de uma querida amiga, Tatiana Pinheiro, que foi entrevistada pelo jornalista Sidney Rezende sobre seu trabalho. Tatiana é cantora e professora de música para crianças. Realiza um trabalho lindíssimo com prazer e entusiasmo contagiantes. Animada e falante, é dessas pessoas ativas e antenadas nos acontecimentos do mundo, de modo que é sempre muito interessante conversar com ela. Mas quando o assunto gira em torno de sua atividade como professora...seus olhinhos brilham...ela conta mil histórias de como seus alunos reagem aos instrumentos e de como se desenvolvem construindo uma percepção musical. A ela dedico o post de hoje, publicando a entrevista, que pode ser também encontrada no link abaixo:
Parabéns Tatiana!
Abraços a todos!


CULTURA: Crianças muito pequenas devem estudar música?
Da Redação - 05.08.06





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Tatiana Pinheiro é uma daquelas pessoas que perdem a noção do tempo. Pessoas assim são capazes de congelar tudo em volta quando estão dedicados ao seu ofício. Algo espiritual.
Simplesmente porque ela é apaixonada pelo que faz.

É empolgada por natureza. A música é a sua completude. Depois de anos tocando para platéias variadas, hoje vive uma experiência incomum. Dedica-se a ensinar música a crianças que de tão pequenas, tropeçam nos pés.

SRZD - O que você mais aprendeu neste período em que está ensinando música para crianças?

A respeitar a inteligência das crianças. Bebês de 8 meses, por exemplo, se esforçam para pegar no instrumento da forma correta, da forma como me observam pegando e tocando. Claro que não conseguem, devido à motricidade ainda em desenvolvimento. Mas é interessante observar como são espertos e abertos ao novo, sem PRÉ-CONCEITOS. Também aprendi que eles são extremamente sinceros e respondem ao trabalho no ato. Isso me exige muito, porém me motiva sempre a melhorar a qualidade das minhas aulas.Sou uma pessoa muito melhor depois do nascimento do meu filho Guilherme, hoje com 2 anos. E me esforço para me aprimorar como profissional e ser humano em função do meu atual trabalho, em respeito à inteligência e à sinceridade dos meus alunos. É muita responsabilidade tocar o sentimento de alguém por meio da música. Ainda mais se são bebês de 6 meses a 3 anos. Meu principal objetivo é que a música chegue ao coração dos meus alunos, como chegou ao meu quando eu tinha 7 anos e comecei a cantar. Ficarei muito feliz quando, no futuro, eles foram amantes da boa música ou mesmo, quem sabe, grandes artistas.

SRZD - Qual é a idade ideal para começar?

A iniciação ao instrumento (normalmente piano) é ideal só por volta dos 7 anos, quando a criança já está alfabetizada. Entretanto, ao contrário do que normalmente as pessoas pensam, o contato com a música na tenra infância é a melhor base para que aos 7 anos a criança aprenda um instrumento. Quanto antes o bebês tiver acesso às melodias, diferentes timbres e ritmos musicais, melhor. E não é só pelo interesse musical, é também pelo desenvolvimento do bebê. A música trabalha
os dois hemisférios do cérebro, por tanto desenvolve razão e emoção, e estimula o bebê em vários pontos: na linguagem, na motricidade, no equilíbrio, na organização do raciocínio, no desenvolvimento emocional, etc, etc, etc. É maravilhoso que o bebê tenha contato com a musicalização a partir do momento em que estiver sentando sozinho e até os 3 anos de idade.

SRZD - Aprender música tem a ver com dom ou com repetição cotidiana?

Acredito que com os dois. O dom, se bem estimulado, será um fator decisivo no futuro. alguns bebês têm na genética o interesse pela música ou talento para tal. Às vezes percebo alunos que sentem a música no corpo. Costumo brincar e dizer que eles são os meus bailarinos... Outros alunos, gostam de cantar e balbuciam melodias desde 1 ano de idade! Mas entre 1 ano e 3 anos, a repetição traz segurança emocional e é de suma importância para o aprendizado. À cada vez que repito uma determinada atividade, o olhar do aluno com relação ao mundo à volta dele já mudou. Além disso, nessa fase, eles se desenvolvem muito rápido e a mesma atividade num novo momento da vidinha do bebê dará a oportunidade dele explorar novas possibilidades musicais. Por isso, as minhas aulas são realizadas da seguinte forma: 20 minutos de prática de conjunto, onde exploramos os instrumentos e seus timbres, texturas, sabores - sim porque no início, na chamada fase oral, a exploração é feita por eles com os
instrumentos na boca. Os outros 20 minutos eu trabalho ritmo, pulso, corpo, canto, silêncio; sempre um único tema em cada aula para melhor aproveitamento.

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