Enamorado
Rickson Rios
Incauto, fui cravejado pela seta mitológica.
Achei-me amante de linda jovem;
lutei demente por minha razão;
tombei prostrado ante a paixão.
Sovado.
Um relance de seu olhar
iluminou-me adolescente.
Peito irrequieto, comprimido,
arfando o ar de seu ar.
Silente.
Minha boca, em nervosia seca,
quis beber dos lábios viçosos
o vinho rubro de seu batom,
beijar-lhe as palavras fluentes.
Sedente.
Agora, nos longes da cidade-verão,
Procuro suas linhas nas bachianas melodias;
seu cheiro, na brisa do mar noturno;
seus olhos, no brilho que escapa ao filtro
das folhas da amendoeira defronte.
E se a natureza não a repete
na perfeição que lhe compete,
encarcero sua imagem
em minha lavra poeta:
pra tê-la mais perto de mim.
P.S.: Sei que, depois de publicar poesias de Fernando Pessoa e de Guimarães Rosa, o nível caiu sensivelmente...vou tentar recuperá-lo em breve! Abraços!
3 Comments:
Parabéns pela poesia! Lindíssima!
Marcela, minha querida,
Você é sempre muito generosa!
Um beijo!
Rickson, aqui estou para confessar que fiquei dormente dos pés à cabeça quando li o seu poema.(rs) Espetacular! Você é uma surpresa mesmo. Não bastasse ser o maravilhoso professor e especial amigo que é, revela-se um poeta. Admiração é pouco para expressar tudo o que sinto por ti, Rickson.
Post a Comment
<< Home